5 de novembro de 2010

FOLCLORE : a importância do Curupira

Daniele Niki

Você sabe o que é folclore?
Folclore foi uma palavra criada pelo arqueólogo inglês William John Thoms, por volta de 1840, que juntou as palavras “folk” (povo) e “lore” (saber), significando então o saber do povo. É ciência das tradições, dos costumes e das artes populares; conjunto das tradições, das lendas, dos cantos e dos poemas de um país ou região (LIMA, 1985, p. 9).
Agora que você sabe o que é folclore, você tem idéia do por que ele ser tão importante para a educação, principalmente das crianças?
Segundo a pedagoga Miriam Brum Arguelho, o Ministério da Educação exige que o folclore seja trabalhado principalmente com crianças do ensino infantil e fundamental por estar intimamente ligado a outras disciplinas, como artes, ciências sociais e literatura, além de ser uma forma de incentivar a criatividade. “Com as danças, brincadeiras e lendas do folclore as crianças estimulam a imaginação e aprendem certos valores, pois cada uma dessas antigas lendas e mitos tem uma moral a se transmitir”- afirma Miriam Arguelho.
A dona de casa Vera Gema Milani afirma que passou diversas lições de disciplinas através de antigas lendas e mitos, que sua avó havia lhe ensinado. “Eu conto a meus netos o que minha avó me contava, sobre como devemos cuidar das nossas matas porque senão o curupira se vinga”, afirma Vera Gema.
O professor de história Gustavo Bittus afirma que as lendas atraem a atenção das crianças por serem criaturas mágicas criadas da imaginação popular. O professor de história ainda fala que quando as pessoas pensam em lendas as primeiras personagens que vêem a mente são saci, curupira e mula-sem-cabeça. “Muitas pessoas não conhecem as lendas de sua própria terra, como a do pé de garrafa e do minhocão”. Outras lendas como a do João de barro, a do Tuiuiú, Negro d’água, Come Língua, Dono dos Porcos, Pai do Mato, Sinhozinho,Santo que fugia, são lendas criadas no Mato Grosso do Sul, que a maioria das pessoas não tem conhecimento.

Lendas do MS
O Pé de Garrafa
Diz a lenda que o Pé de Garrafa é um bicho homem, cujo corpo é coberto de pêlos, exceto ao redor do umbigo, que tem a coloração branca, ponto que lhe é vulnerável. Possui um pé no formato de um fundo de garrafa, motivo esse que faz com que se locomova aos pulos, como se fosse um canguru, deixando no chão, um rastro com marca de fundo de garrafa. Solta fortes assobios para comunicar que é dono do território, podendo até hipnotizar aquele que se atreve a encará-lo. A vítima que é pega pelo Pé de Garrafa ou tem sua alma aprisionada em seu pé ou é devorado pelo monstro. As únicas formas de fugir da criatura são atravessando um ponto de água corrente ou acertando o umbigo do monstro.

Minhocão
A lenda sobre a existência do Minhocão é uma das mais conhecidas em todo Estado de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O minhocão trata-se de um monstro que vive nos rios, que ataca barcos à noite, e faz imenso barulho, agitando as águas e causando horror aos pescadores. Contam também que o bicho derruba a barranca do rio para perseguir aqueles que o enxergam.

João de Barro
O conto do João de Barro tem duas variantes. A primeira conta que um jovem se apaixonou por uma moça de grande beleza. Melhor dizendo: apaixonaram-se. Jaebé, o moço, foi pedi-la em casamento e o pai dela perguntou: - Que provas pode dar da tua força para pretenderes a mão da moça mais formosa da tribo? - As provas do meu amor! - respondeu o jovem. O velho gostou da resposta, mas achou o jovem muito atrevido. Então disse: - O último pretendente de minha filha falou que ficaria cinco dias em jejum e morreu no quarto dia. - Eu digo que ficarei nove dias em jejum e não morrerei. Toda a tribo se espantou com a coragem do jovem apaixonado. O velho ordenou que se desse início à prova. Enrolaram o rapaz num pesado couro de anta e ficaram dia e noite, vigiando para que ele não saísse nem fosse alimentado. A jovem apaixonada chorou e implorou à deusa Lua que o mantivesse vivo, para ser o seu amor. O tempo foi passando. Certa manhã, a filha pediu ao pai: - Já se passaram cinco dias. Não o deixe morrer. O velho respondeu: - Ele é arrogante. Falou nas forças do amor. Vamos ver o que acontece. E esperou até a última hora do nono dia. Então ordenou: - Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé. Quando abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro. Seus olhos brilhavam e seu sorriso tinha uma luz mágica. Sua pele estava limpa e cheirava a perfume de amêndoa. Todos se espantaram. E ficaram mais espantados, ainda, quando o jovem, ao ver a sua amada, se pôs a cantar, como um pássaro, enquanto o seu corpo, aos poucos, ia se transformando em um corpo de pássaro. E exatamente naquele momento os raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que também se viu transformada em pássaro. Então, ela saiu voando atrás de Jaebé, que a chamava para a floresta, onde desapareceu para sempre. Contam os índios que foi assim que nasceu o pássaro João-de-barro. A prova do grande amor que uniu esses dois jovens está no cuidado com que constroem a sua casa e protegem os seus filhotes (CASCUDO, 2002, p. 26).
Já o conto popular afirma que o pequeno pássaro constrói a sua casa colocando a porta ao lado oposto à chuva, e caso sua companheira o traia ele a tranca dentro da casa para sempre.

Tuiuiú
“A história do tuiuiú é uma das mais interessantes”, afirma Gustavo Bittus. As aves eram alimentadas por um casal de índios que, depois de mortos, foram enterrados no local onde costumava alimentá-las. Os tuiuiús, em busca de alimentos, ficam sobre o monte de terra que cobria os corpos do casal, esperando que de lá saíssem algumas migalhas para alimentá-los. Como isso não acontece, ficavam cada vez mais tristes, olhando em direção ao chão. É por esse motivo que os tuiuiús parecem estar sempre tristes, olhando em direção ao solo.

Come língua
Gustavo Bittus explica que o Come língua é uma variante da lenda do Araguaia, trazida pelos goianos. Trata-se de um bicho que vive a arrancar a língua dos animais, que são encontrados mortos no pasto, sem vestígios de ataques de outros animais. Em Mato Grosso do sul, o mito apresenta-se de forma de um menino-bicho. Quando vivia, o menino era mentiroso e sua mãe, antes de morrer, rogou-lhe uma praga. Tempos depois, o menino foi encontrado morto e sem língua. Numa ocasião, um fazendeiro encontrou um gado morto no pasto e viu correr, no meio da mata, o menino com uma língua ensangüentada nas mãos verificando que o gado não mais possuía língua.

Sinhozinho
 A lenda do Sinhozinho, segundo o professor de história Gustavo Bittus, é uma das mais conhecidas da região. “Ela gira em torno da região de Bonito, onde um frei pregava ensinamentos por volta de 1930, e desapareceu misteriosamente”. Diz à lenda que o frei havia selado com suas cruzes, uma cobra gigantesca em um dos morros da cidade, e que se a cobra for solta devorará todos os moradores da região.

 

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